SORTILÉGIO
José Araujo de Souza
Eu quero morrer
de branco,
vestido de capoeira,
na mão direita a navalha,
na esquerda a cartucheira,
quero morrer
no domingo
no meio da bebedeira.
Quero de um lado a mulata,
olhos molhados de pranto
e samba na madrugada
e alguém que deixe o seu canto,
toque sua mão no meu corpo
e chore, com doce encanto.
Quero morrer de bobeira,
com a surpresa no rosto,
mostrando que eu não esperava,
o olho estampando a raiva,
boca torcida de ira,
quero morrer sem espera,
pego no meio da rua.
Quero morrer no domingo
em noite de lua cheia.
DELES