DIA COMUM
José Araujo de Souza
O poeta, feliz,
concluiu o poema
e não viu no jornal da TV
a notícia da guerra mundial,
reiniciada.
Tomou seu café
com biscoitos
olhando o horizonte da janela
de frente para o mar,
sem saber que na rua,
oito andares abaixo,
um mendigo qualquer morrera
de fome e de frio
na noite recém acabada.
O poeta é feliz
porque pode viver isolado
de toda a verdade da vida
diária.
O poeta é feliz
porque pode fazer
da tristeza que sente
o seu mais lindo dia.
E uma noite encantada.