J’ACCUSE
José Araujo de Souza
J’accuse
toda a grandeza perdida
dos mausoléus nos campos de paz,
dos edifícios marmorizados,
das praças concretadas,
que não levam a nada,
nem embelezam,
nem engrandecem
a pobreza da imagem.
J’accuse
as cínicas gargalhadas
nas mesas fartas
dos palacetes indevassáveis,
dos portões eletrônicos
e das grades eletrificadas,
que não defendem nada,
nem embelezam,
nem engrandecem
a pobreza de ninguém.
J’accuse
a disparidade existente
entre os ricos que não empobrecem
e os pobrezinhos viventes
que, apenas,
a duras penas, sobrevivem
cada dia,
menos.